quarta-feira, 6 de outubro de 2010

GANHEI CORAGEM

Em tempo de eleição, segue um bom texto...


"Mesmo o mais corajoso entre nós só raramente tem coragem para aquilo que ele realmente conhece", observou Nietzsche.

É o meu caso. Muitos pensamentos meus, eu guardei em segredo. Por medo.

Albert Camus, leitor de Nietzsche, acrescentou um detalhe acerca da hora em que a coragem chega: "Só tardiamente ganhamos a coragem de assumir aquilo que sabemos". Tardiamente. Na velhice. Como estou velho, ganhei coragem.

Vou dizer aquilo sobre o que me calei: "O povo unido jamais será vencido", é disso que eu tenho medo.

Em tempos passados, invocava-se o nome de Deus como fundamento da ordem política. Mas Deus foi exilado e o "povo" tomou o seu lugar: a democracia é o governo do povo. Não sei se foi bom negócio; o fato é que a vontade do povo, além de não ser confiável, é de uma imensa mediocridade. Basta ver os programas de TV que o povo prefere.

A Teologia da Libertação sacralizou o povo como instrumento de libertação histórica. Nada mais distante dos textos bíblicos. Na Bíblia, o povo e Deus andam sempre em direções opostas. Bastou que Moisés, líder, se distraísse na montanha para que o povo, na planície, se entregasse à adoração de um bezerro de ouro. Voltando das alturas, Moisés ficou tão furioso que quebrou as tábuas com os Dez Mandamentos.

E a história do profeta Oséias, homem apaixonado! Seu coração se derretia ao contemplar o rosto da mulher que amava! Mas ela tinha outras idéias. Amava a prostituição. Pulava de amante e amante enquanto o amor de Oséias pulava de perdão a perdão. Até que ela o abandonou. Passado muito tempo, Oséias perambulava solitário pelo mercado de escravos. E o que foi que viu? Viu a sua amada sendo vendida como escrava. Oséias não teve dúvidas. Comprou-a e disse: "Agora você será minha para sempre." Pois o profeta transformou a sua desdita amorosa numa parábola do amor de Deus.

Deus era o amante apaixonado. O povo era a prostituta. Ele amava a prostituta, mas sabia que ela não era confiável. O povo preferia os falsos profetas aos verdadeiros, porque os falsos profetas lhe contavam mentiras. As mentiras são doces; a verdade é amarga. Os políticos romanos sabiam que o povo se enrola com pão e circo. No tempo dos romanos, o circo eram os cristãos sendo devorados pelos leões. E como o povo gostava de ver o sangue e ouvir os gritos!

As coisas mudaram. Os cristãos, de comida para os leões, se transformaram em donos do circo. O circo cristão era diferente: judeus, bruxas e hereges sendo queimados em praças públicas. As praças ficavam apinhadas com o povo em festa, se alegrando com o cheiro de churrasco e os gritos.

Reinhold Niebuhr, teólogo moral protestante, no seu livro "O Homem Moral e a Sociedade Imoral" observa que os indivíduos, isolados, têm consciência. São seres morais. Sentem-se "responsáveis" por aquiloque fazem. Mas quando passam a pertencer a um grupo, a razão é silenciada pelas emoções coletivas. Indivíduos que, isoladamente, são incapazes de fazer mal a uma borboleta, se incorporados a um grupo tornam-se capazes dos atos mais cruéis. Participam de linchamentos, são capazes de pôr fogo num índio adormecido e de jogar uma bomba no meio da torcida do time rival.

Indivíduos são seres morais. Mas o povo não é moral. O povo é uma prostituta que se vende a preço baixo.

Seria maravilhoso se o povo agisse de forma racional, segundo a verdade e segundo os interesses da coletividade. É sobre esse pressuposto que se constrói a democracia. Mas uma das características do povo é a facilidade com que ele é enganado. O povo é movido pelo poder das imagens e não pelo poder da razão.

Quem decide as eleições e a democracia são os produtores de imagens. Os votos, nas eleições, dizem quem é o artista que produz as imagens mais sedutoras.

O povo não pensa. Somente os indivíduos pensam. Mas o povo detesta os indivíduos que se recusam a ser assimilados à coletividade.

Nem Freud, nem Nietzsche e nem Jesus Cristo confiavam no povo. Jesus foi crucificado pelo voto popular, que elegeu Barrabás. Durante a revolução cultural, na China de Mao-Tse-Tung, o povo queimava violinos em nome da verdade proletária. Não sei que outras coisas o povo é capaz de queimar. O nazismo era um movimento popular. O povo alemão amava o Führer.

O povo, unido, jamais será vencido! Tenho vários gostos que não são populares. Alguns já me acusaram de gostos aristocráticos. Mas, que posso fazer? Gosto de Bach, de Brahms, de Fernando Pessoa, de Nietzsche, de Saramago, de silêncio; não gosto de churrasco, não gosto de rock, não gosto de música sertaneja, não gosto de futebol.

Tenho medo de que, num eventual triunfo do gosto do povo, eu venha a ser obrigado a queimar os meus gostos e a engolir sapos e a brincar de "boca-de-forno", à semelhança do que aconteceu na China.


De vez em quando, raramente, o povo fica bonito. Mas, para que esse acontecimento raro aconteça, é preciso que um poeta entoe uma canção e o povo escute:

- "Caminhando e cantando e seguindo a canção..."

Isso é tarefa para os artistas e educadores. O povo que amo não é uma realidade, é uma esperança.


Rubem Alves

terça-feira, 24 de agosto de 2010

A LENDA CAÁ - YARI


Dia desses, contei a lenda da erva mate em sala de aula e meus colegas disseram que nunca haviam escutado. O fato é que o mate, o chimarrão, o chima ou chimas (como todo bom portoalegrense) circula pelas mais variadas tribos . Por este motivo resolvi fazer um post que faz referência a esta lenda. Lembrando sempre que este é um dos objetivos do blog, difundir nossas histórias, lendas e costumes para que possamos perpetuá-los...


Conta a lenda que a árvore de onde se colhe a folha para produzir a bebida amarga adorada por tantos gaúchos só surgiu no mundo depois de um pedido muito especial feito a Tupã o grande Deus indígena.

Em algum lugar no meio das coxilhas vivia aquerenciada uma tribo guarani cujo cacique tinha muita fama de valentia, bravura e sabedoria. Outro motivo de orgulho para o cacique era a sua linda e formosa filha, Caá-Yari, muito admirada pelos jovens guerreiros.

Mesmo com tantas razões para ser um homem altivo e feliz, o chefe índio andava triste, pois estava se enveredando pelos caminhos da velhice e tinha medo de ficar sozinho.

Assim, se Caá-Yari casasse com o guerreiro escolhido para se tornar o novo cacique, muitas vezes teria que se ausentar da tribo. Com a filha longe, o velho chefe não sabia se ia agüentar continuar vivendo.

Caá-Yari conhecia as apreensões do pai. E para não magoá-lo, a bela índia amava seu adorado em segredo. A filha zelosa sabia que, só com o pensamento de vê-la longe, o cacique caía numa melancolia danada.

O desprendimento de Caá-Yari era percebido pelo chefe indígena. Sua dor e angústia eram tantas que decidiu procurar Tupã, o deus dos deuses, aquele que costuma ordenar todas as coisas do mundo. O cacique tinha consciência de que não poderia exigir a presença da filha ao seu lado para sempre e pediu a Tupã que lhe escolhesse um companheiro para as horas de solidão.Como forma de atender o pedido, o grande cacique do Céu mostrou ao cacique da Terra uma árvore grande, de folhas verdes. Dessa árvore o chefe índio retiraria, secaria e torraria as folhas, fazendo com elas uma bebida amarga e quente, mas deliciosa. Seria sua companhia para quando ninguém estivesse junto a ele. Para preencher o vazio da saudade. E assim foi criada a erva-mate.

Por ter sido a razão principal do surgimento da erva-mate, Caá-Yari passou a ser a padroeira e protetora dessas árvores.Desde então, a lenda foi sendo contada de geração em geração. Uma história que passou a rechear a prosa nas rodas de chimarrão.

Texto retirado daqui

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Redescobrindo a serra gaúcha 1ª parte

Sem a pretensão de ser um conquistador e nem mesmo um colonizador, resolvi desbravar (junto com minha excelentíssima) o interior da serra gaúcha. Na cidade de Gramado, tão badalada pelos seus restaurantes e lojas (para turistas "estrangeiros" do nosso Brasil grande de Deus), decidimos pegar uma estrada sem rumo certo. A única certeza era a de que estaríamos indo para o lado contrário do centro (e dos turistas). Saímos em uma rua asfaltada, próxima ao pórtico (quem chega/sai) da avenida das hortências, e descemos, descemos, descemos...e descemos. Sempre fazendo curvas e mais curvas sinuosas pelo bairro desconhecido. Não demorou muito para que avistássemos o início do chão batido. E aí a Sil já começou a cantarolar "Chão batido de saibro vermelho..." lembrando da música do Marenco. É impressionante como a paisagem na serra muda em pouquíssimos metros. Logo estávamos sentindo o cheiro de mato e o silêncio, que apenas era quebrado pelo motor do carro e pelo barulho dos pneus no cascalho da estrada. Uns cinco quilometros após pegarmos a estrada de terra, tivemos uma visão daquelas que merecem que o carro seja encostado para que a imagem fique gravada na retina. Era uma propriedade rural, mas que chamava a atenção por dois detalhes: As casas com telhado verde e as pedras empilhadas. Assim que paramos a Sil já saiu "sacando chapa", ou no bom português fazendo umas fotos. Imagina se uma arquiteta que trabalhou com telhado verde e ama a natureza ia ficar dentro do carro. Resolvemos entrar e para conhecer o local e pedir permisso para que registrássemos as imagens. Passamos pela entrada e nada de uma viva alma. Passamos pela casa principal e nada de um vivente aparecer. Passamos ao lado do galpão e vimos uma porta aberta, mas não havia ninguém. Confesso que eu já estava com receio daquilo tudo (pedra empilhada, casa com telhado de mato...), bah deve ser uma daquelas seitas tipo do Jim Jones. Sei lá..."Yo no creo en las brujas, pero que las hay, las hay...". Quando passamos o galpão, vi quatro indivíduos vestidos de macacão branco...e pensei "morro, mas morro peleando"!!!!
Que nada. Bota gente bacana. Receosos como todo bom interiorano quando um forasteiro invade as suas terras. Quando explicamos o porque estávamos ali e que achamos tudo muito caprichado e bonito, eles nos deixaram à vontade para explorarmos a chácara e registrar o momento. Andamos pela propriedade e registramos muitas imagens do local. Nos despedimos agradecendo a hospitalidade, mas não antes de perguntar o que eles produziam na propriedade e, é claro, o por que das pedras empilhadas. Eles nos disseram que produziam cogumelos (não , não os de chá) tipo champignon e mostraram como embalavam o fungo em feno úmido para que ele se desenvolvesse. Quanto às pedras, que incrivelmente estavam empilhadas apenas no ponto de equilíbrio, eles brincaram dizendo que enquanto descansam carregam pedras. Na verdade o proprietário falou que aquilo havia começado como uma brincadeira e que se tornara um hoby. Quando pegamos a estrada novamente em direção à colônia, percebemos que em toda a propriedade que passávamos havia pedra empilhada. Inclusive no meio do campo e das árvores. Achamos aquilo meio obsessivo. Na volta, passamos mais uma vez na propriedade para perguntar se ele autorizava que eu mostrasse publicamente as fotos e saber se ele havia empilhado as pedras nos vizinhos. Ele sorriu e disse que era claro que autorizava e que aquelas pedras que vimos, foram empilhadas pelos vizinhos que gostaram da sua arte e reproduziram em suas propriedades.
O nome deste artista (sim porque o que ele faz é uma arte) é Marcos Rossato e a sua propriedade está localizada na Estrada Geral da Linha Ávila, na cidade de Gramado. Lindeiro a sua propriedade existe uma pousada (que não conheci, ainda) chamada Fioreze, que parece ser bem interessante. Quem sabe vai ser minha próxima passada por aquelas paragens...
E continua...

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Bóia forte pra passar o inverno

Dias atrás, postei no twitter que estava fazendo uma bóia de engraxar o bigode. Gosto muito de estar em frente a fogão. Eu e minha noiva gostamos muito de cozinhar para a família e também para os nossos amigos. É verdade que as receitas dela são bem mais elaboradas do que as minhas, mas isso não quer dizer que eu não goste de uma comida mais elaborada no seu preparo. Na verdade, a bóia campeira me chama mais a atenção e por isso vou postar o que cozinhei no sábado passado: Um carreteiro de charque de ovelha.
Antes, vou escrever sobre a procedência deste charque. Ele me foi regalado pelo meu irmão de coração o médico veterinário Juliano Hoffelder. Um de seus campeiros da fazenda Figueira da Ilha, desossou uma ovelha inteira e fez o charque. Depois de alguns dias secando, dividimos em quatro pedaços e os enrolamos para assim terminar o processo. Este pedaço que me tocou pega todo o quarto (traseiro) e parte das costelas. Depois de enrolado foi para dentro de um saco plástico e depois para a geladeira por mais 15 dias, assim o charque curou e não secou.
A foto ao lado mostra como ficou a avelha desossada, salgada e enrolada.
Carreteiro é carreteiro, ou seja, sem frescura. Tá certo...um ou outro tempero mais elaborado tem seu lugar na panela. Para fazer este carreteiro eu usei duas cebolas pequenas, três dentes de alho, adobo, pimenta do reino, alecrim e tomilho. Como acompanhamento uma salada verde temperada com vinagre de vinho tinto (feito em casa). Abaixo segue uma sequência de como ficou o preparo:


Será que ficou bom???
Abraços fraternos e até mais...

sexta-feira, 23 de julho de 2010

A Eléctrica e os Discos Gaúcho

Que bela surpresa me foi regalada neste último dia 22 de Julho. Ganhei um livro que remonta a história fonográfica do Rio Grande do Sul (e demais estados da federação) e também dos países platinos. Falo do livro A Eléctrica e os Discos Gaúcho, de autoria de Hardy Vedana (1928-2009), idealizador do Museu da Imagem e do Som de Porto Alegre (Mispa). A gravadora e fábrica de discos A Eléctrica, que teve o início das suas atividades funcionou em Porto Alegre no nascer do século 20, mais precisamente em 1913, gravando diversos tipos de artistas e ritmos. Indo da valsa à chacarera e do Tango à Habanera. Para que os amigos tenham ideia do pioneirismo da marca, esta era uma das quatro fábricas em todo o mundo.
Entre os muitos nomes que encontrei no livro, encontrei um bem conhecido. Nada mais que Carlos Gardel, que na época fazia dupla com Razzano. Mas teve um nome que me chamou a atenção, pois me fez lembrar de dois grandes artistas do nosso estado: Pirisca Grecco e o João Antonio de Greco Netto, o Tukano Netto. O nome que me chamou a atenção foi o de Vicente Greco (quer saber mais?), um bandoneonista argentino que viveu entre o final do século 19 e início do 20. Comprovando que os nossos artistas uruguaianenses carregam a musicalidade dos seus ancestrais .
Bueno. Para fechar a porteira, digo aos amigos que este livro é acompanhado por três CDs com as gravações originais. O final de semana já está programado: um bom vinho, um queijo e copa (pois vai estar de renguear cusco) para acompanhar estas obras que descrevi aqui no blog.

Um grande e fraterno abraço.

sábado, 17 de julho de 2010

IMAGENS...

Gosto de fotos. Acredito que nunca existirá uma imagem igual a outra... Por isso digo que são expressões únicas, onde cada um que observa terá um sentimento diferente dos demais.
Vou dividir com os amigos algumas fotos tiradas por este Rio Grande de Deus...espero que gostem.


Todas as imagens são da minha autoria ou da minha noiva.

Ao lado vais encontrar um link atualizado com algumas das nossas fotos.
Saludos a todos.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Musica com cheiro de pasto




Garimpando pela net, encontrei este vídeo que trás dois dos maiores instrumentistas do folclore latino que eu já conheci. Sou fã incondicional do trabalho deles. Don Lúcio Yanel no violão crioulo e Gilberto Monteiro na gaita "botonera". Quem já teve a oportunidade de escutá-los ao vivo, e eu graças a Deus tive, sabe do que estou falando. Estes expoentes da música folclórica latino americana, sabem como colocar a alma na ponta dos seus dedos, e assim transmitir todo o sentimento para quem os escuta. Outra bela suspresa foi ver o Marenco no início da sua carreira, interpretando e guitarreando (coisa rara). Sempre gostei do sentimento que ele coloca nas suas interpretações, embora eu ache que de uns anos para cá ele, e outros, tem se repetido excessivamente, mas isso é um tema para outro post. O que não posso, é deixar de enaltecer a importância que estes nomes tem para a música e a cultura do nosso estado. O Luiz Marenco, por exemplo, foi um dos responsáveis pela redescoberta da música de raiz, com cheiro de campo, e pela reativação de alguns festivais que, cada vez mais, revelam novos e grandiosos talentos da musicalidade pampeana. Por tudo isso, temos que agradecer a alguns homens que não mais se encontram entre nós, ao menos fisicamente. Gracias Don Jayme e Don Noel Guarany pelo legado que deixaram para a nossa cultura.

Toda boa semente, dá bons frutos.


Luciano Macedo

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Enquanto isso na reunião...

Certo dia em um mundo muito fictício, um Psicólogo Evangélico (E) e um Parapsicólogo (P), depois de muita pressão política de seus sectos, foram escolhidos para a Comissão Científica de algum fictício CRP (Conselho Regional de Psicologia). O outro membro era um comportamentalista (C).

Na primeira reunião, em meio à série de pautas estava a questão da velha terminologia da histeria e sua possível ou impossível atualidade. Diante dos comentários de um caso de histeria clássica, o comportamentalista começou:

C: De fato esse termo teve uma utilidade muito grande no passado, inteiramente operacional na época de Freud, mas…

E (interrompendo): Obviamente como comportamentalista você há de convir que Freud estava errado, não é mesmo?

C: Não propriamente errado, mas diante da evolução do behaviorismo, das neurociências, das ciências cognitivas e dos avanços da psicossomát…

E (interrompendo novamente): Sim, existe toda a questão comportamental!

C: Em termos gerais com certeza, e…

E (interrompendo de novo): A questão de que o comportamento no caso em questão é demoníaco.

P e C: Comportamento demoníaco?

E: Claro que sim, vocês têm alguma dúvida?

P: Ora, isso no ekssiste! Tudo é uma criação da psiquê humana

E: Psiquê humana influenciada pelo dem…

P: A psiquê humana tem capacidades infinictas! E é uma pena que a psicologia nunca viu isso. Sem contar essa visão de "demônios" dos religiossos… Freud estava errado sim, porque não viu o infinito poder do inconsciente. Vokcês sabiam que podemos comprovar eksperimentalmente poderes paranormais?

E e C: Experimentalmente?

P: Sim, diversos eksperimentos apontam altos índices ekstatísticos de significância, por exemplo em eksperimentos de telepatia, clarividência e pre-cognição. Inclusive alguns experimentos de psicocinésia possuem ressultados estatísticos muito convincentes.

E: Isso não é nada, também comprovamos experimentalmente a existência de demônios.

P e C: Como assim?

E: Em nossa igreja são inúmeros os testemunhos.

P: Ok, mas são testemunhos falhos, pois a ciência parapsicológica explica a inexistência de demônios

C: Gente, não é preciso ir com um pouco mais de cautel…?

E: Isso porque vocês nunca viram um exorcismo. Nossos pastores já realizaram vários. Mas é natural vocês duvidarem. Nós unimos a psicologia de Deus com a psicologia do homem. A psicologia do homem é limitada e falha como o homem. Paulo mesmo já dizia que "Onde está o erudito? Onde está o questionador desta era? Acaso não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo?". A sabedoria humana é limitada e parcial - sem a psicologia de Deus, revelada por nós, não é nada.

P: Isso no ekssiste! Pode-se acreditar em Deus, mas é tudo uma questão dos poderes ekstraordinários do Inconsciente!

E: Olha aí ó, sua dúvida apenas corrobora sua limitação.

P: Limitação? Veja os resultados ekstatísticos, a energia psíquica, o ectoplasma e o poder do Inconsci…

E: Novamente, a psicologia do homem é ignorante e limitada, se não garantida por nossa igreja

P: E você acha que nossa parapsicologia, que explica muito bem sua falsa crença, é limitada?

Os ânimos esquentam e P e E começam a discutir até os berros. Quando tudo foge do controle, C sai da sala e retorna com dois copos d´água, enquanto os secretários apartam a briga. Depois os ânimos se acalmam e o Comportamentalista pergunta:

- Vai uma balinha aí?

(Qualquer semelhança com fatos reais é mera coincidência)

Achei no blog : www.catatau.blogsome.com

terça-feira, 22 de junho de 2010

Abrindo porteira





Noite fria de inverno.

É neste ambiente, que favorece um mate quente, que começo a escrever sobre algumas das coisas que gosto: cultura gaúcha, psicologia e culinária. Penso que os três assuntos se entrelaçam e se completam. Não necessariamente nesta mesma ordem. Até me arrisco a dizer que um não existe sem que o outro esteja presente. O interessante é que se possa analisar, pelo viés da psicologia, o quanto as questões culturais e alimentares influenciam, mesmo que inconsciente, o funcionamento do ser humano e as suas relações.

Espero que gostem...


Luciano Macedo