quinta-feira, 5 de maio de 2011

AINDA SOBRE EXCLUSÃO...

Um buenas pra quem é de buenas...

Depois de um longo tempo afastado do blog, pois o TCC me tomou boa parte do meu tempo, retorno para falar sobre as repercussões da postagem sobre a exclusão e preconceito...

Só eu sei como rendeu o assunto da dificuldade do meu funcionário abrir uma conta ou mesmo sacar a sua paga do final do mês. Escutei muitas pessoas entendidas de inclusão social, outras de direito, outras de normas de instituições financeiras... enfim de diversas áreas.

É incrível a velocidade com que as noticias se propagam pela WEB. E foi com esta mesma velocidade que dois dias após a publicação do POST (PUTZ, ME ESQUECI QUE AGORA NO RS NÃO PODEMOS USAR ESTRANGEIRISMOS) anterior uma pessoa representando o Banco Itaú entrou em contato comigo. Muito atenciosa ela me escutou e disse que passaria a diante as minhas reivindicações e sugestões. Na verdade eu não havia sugerido nada e sim eu havia afirmado que outras instituições financeiras agem de forma diferente do itaú quando pessoas não alfabetizadas procuram as agências para a abertura de conta.

Eu soube que no BANRISUL quando uma pessoa não alfabetizada quer abrir uma conta corrente basta que ela tenha duas testemunhas para acompanhar a leitura do contrato. Pelo que fiquei sabendo no Bradesco já tem um sistema que faz a leitura das impressões digitais do cliente, pois assim a pessoa que não assina seu nome teria a sua identidade comprovada na ato de um saque ou troca de um cheque.

Após uns 15 dias do primeiro contato a representante do Itaú retornou a ligação para dizer que conseguira que ao menos o meu empregado trocasse o cheque do seu salário e que já entraria em contato com a agencia passando esta autorização. Não fiquei totalmente satisfeito com a decisão do banco, mas já era uma solução para o problema do meu funcionário.
Neste mesmo dia fui até a agência e uma das gerentes pediu para conversar sobre o fato e após uns minutos de conversa eu percebi que ela mantinha a mesma posição de que aquilo não era discriminação ou exclusão e sim uma NORMA INSTITUCIONAL adotada pelo Itaú. Tentei argumentar que uma norma institucional pode causar discriminação/exclusão e que este era o sentimento do meu funcionário. Percebi que aquela conversa não seria produtiva, mas não por culpa da gerente, pois ela estava seguindo as normativas da empresa que representa.

Algumas horas mais tarde recebi uma ligação da mesma representante lá de São Paulo pedindo mil desculpas, pois haviam mudado de idéia e que o meu empregado não poderia nem mesmo sacar um cheque em seu nome. Fiquei extremamente aborrecido com esta promesa não cumprida, mas única forma que tenho de protestar é postando todo o ocorrido aqui no Pelego no Divã.

Mas na verdade o que mais me aborreceu foi o dia em que fui até a agência e o sr. que estava na minha frente foi fazer um saque e a caixa buscou uma almofada de carimbo para que o ancião colocasse seu polegar e transferisse as suas impressões digitais para o comprovante de saque...
Infelizmente não fui atendido pela mesma caixa, mas questionei a menina que me atendeu de como era possível o meu funcionário não poder sacar um cheque nominal a ele com "assinatura" de suas digitais e aquele senhor podia. A resposta foi de que ele estava sacando seu benefício (acredito que INSS) e provavelmente ele seja cliente e por isso seus dados deveriam estar gravados no sistema.
Ora, eu pergunto SE ELE É ANALFABETO COMO ELE É CLIENTE? uma vez que ao meu funcionário foi negado este direito por uma norma institucional. E mais, COMO ELE PODE "ASSINAR" COM O POLEGAR PARA COMPROVAR O SAQUE e o meu funcionário não pode nem sacar um cheque nominal a ele!?
Percebi que nem mesmo as pessoas que trabalham na instituição sabem explicar tais normas e regras que possibilitam que algumas pessoas tenham o direito de exercer sua cidadania e outras nas mesmas condições não possam fazêl-o.

Acredito que as instituições devam rever as suas regras e normativas, pois nada garante que elas não sejam discriminatórias o que não causem exclusão. Em plena era de avanços tecnológicos é inadmissível que um BANCO (que fatura milhões com juros abusivos todos os anos) não invista em tecnologia para atender as pessoas que, por um motivo ou outro, não tiveram a oportunidade ou a possibilidade de concluir sua alfabetização.

Hoje, após meses da primeira postagem as coisas continuam as mesmas. A cada início de mês o meu funcionário tem que pedir para que um colega atrase seu almoço e vá com ele até o banco para poder receber seu salário...infelizmente não vejo, a curto prazo, nenhuma tendência de que estas NORMAS ISTITUCIONAIS mudem.

A pergunta que fica no ar é: E SE ESTE MESMO FUNCIONÁRIO GANHASSE SOZINHO NA MEGASENA... COMO O BANCO IRIA PROCEDER??? será que não deixariam ele movimentar a sua conta?


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